segunda-feira, 10 de outubro de 2011
O QUE TEMOS VISTO E APRENDIDO
segunda-feira, 26 de setembro de 2011
NEM TUDO É NOVO
Aliás, olhando para o título, peço desculpas ao leitor e o corrijo: quase tudo é absolutamente velho!
Teimamos em gerenciar nossa vida como se ela fosse a coisa mais importante do universo. Claro, se ela é nossa e somente nós a vivemos, mesmo se despidos de egoísmo, a melhor das vidas é a minha, certo? Pensamos que o nosso pensamento é o mais esclarecido, veloz e perspicaz de todos. Ora, se apenas o nosso pensamento é pensado por nós, devemos ter outro como melhor? Achamos que a nossa espiritualidade é a mais brilhante e mais contundente de todo o universo. Mas se somente experimentamos a nossa espiritualidade, haveria dúvida sobre ser ela a melhor de todas? E assim vai nossa vidinha sendo acrescida de mais uns tempos, até que o tempo termina e somos chamados compulsoriamente a começar um tempo que não mais terá fim. Aí a coisa complica para muita gente.
Em quaisquer pensamentos de fé poderíamos agir como acima, natural e individualmente. Mas não quando nos dizemos cristãos. As mais variadas formas de fé pregam que somos boa gente mal influenciada pelo meio em que vivemos. Se melhorarmos o meio e depurarmos a maldade, um dia tudo será melhor. A maior parte dos pensamentos espiritualistas, esotéricos, orientalistas, segue o viés de que mudar é possível – por si próprios e a partir de coisas boas guardadas dentro de nós.
Não no cristianismo bíblico. Nele, somos chamados a abandonar nossa vida e viver a vida de Cristo. Por que fazê-lo? Porque a única forma de me despir da inteira maldade que me acompanha é sendo subjugado pela bondade e pelo amor de Cristo, exarado em Sua vida que foi dada por mim. Então o Deus cristão me chama a deixar minha vida ruim e barata e assumir uma nova vida, que é bela e eterna, que me levará a entender os benefícios divinos para mim enquanto passo por aqui em direção a um outro lugar. Como passei a viver uma outra vida, que é de Cristo, o lugar eterno que Ele me promete não pode mais ser o mesmo, humano e degradado, mas o dele próprio, divino e maravilhoso. Então a melhor vida que tenho a viver não é mais a minha antiga e velha vida, com meus vícios e dilemas eternos, mas uma nova vida, cheia de graça e de paz, mesmo quando tudo aponta para enfado e tristeza. Isso é novo. Aquilo era velho.
Passamos nossa vida inteira nos achando o máximo do máximo. Desde criancinhas que temos nosso ego amaciado às mil maneiras por todos os lados. Dizem que se não for assim a nossa autoestima vai ser baixa, que nos tornaremos sorumbáticos e macambúzios. Dizem que se não amaciarmos nossa existência seremos esquizofrênicos irremediáveis. Nas formas de tratamento da psique humana, essa pode ser uma vertente de pensamento. Pensamos que o que pensamos ninguém mais pensa. Somos inéditos e fantásticos. Super-homens imbatíveis: nossa capacidade intelectual está acima de tudo e, cuidado: Einstein que tenha suas reservas, pois aí vou eu! A coisa fica tão séria que importamos nossa idiotia intelectual para um campo minado para ela: a Teologia. Nossa arrogância se enfeita de tamanha glória que começamos a achar que já era tempo de Deus parar com seus planos e nos dar mais ouvidos. Por isso muitos resolveram reinterpretar as Escrituras, a fim de esclarecer um pouco a obliteração intelectual do Deus que inspirou suas letras. Começamos a dizer que Deus disse o que não disse, que Ele mandou o que não mandou. Começamos a desdizer o que Ele disse. E assim por diante. Mas um dia Ele próprio vai parar com a roda da História e vai cobrar dos que assim fizeram cada til tirado dos Seus textos, cada pingo usurpado de sobre os is. A História, quando acabar, vai abrir a porta para outra História, que não acabará mais. Aí a coisa complicará para muita gente. No cristianismo bíblico somos chamados para respeitar o pensamento de Deus, que é soberano, e lhe prestar obediência. Mas, por ser gracioso, Ele não nos chamou para o exercício da robótica espiritual: nossa fé e nossa obediência devem vir pelo conhecimento de Sua palavra.
E nossa espiritualidade, a quantas anda? Tenho notado um verdadeiro arco-íris na espiritualidade dos cristãos. Há cristãos macumbeiros, há cristãos kardecistas, há cristãos esotéricos, há cristãos budistas, há cristãos não-cristãos, etc. Nada contra os macumbeiros, os kardecistas, os esotéricos, os budistas, os não-cristãos. Só que eles não são cristãos bíblicos, mesmo que em algum grau admirem o Cristo da Bíblia. Têm todo direito de seguir a fé que quiserem, mas não são cristãos. Perto de minha casa há um centro espírita em que se lê na fachada “Seguimos Ramatis, Kardec e Jesus”. Volto a dizer: nada contra Ramatis ou Kardec: só que eles não expressam o cristianismo bíblico. E acho que os cristãos que se dizem cristãos e seguem esses e outros preceitos estragam o cristianismo e as outras fés também! O Cristianismo bíblico não prevê mãos dadas com outras formas de crer, nem com outros possíveis entes divinos, nem com outras formas de culto que não aquelas expressas na Bíblia, o que me leva a perceber que em algumas igrejas a mistura se tornou irreparável: é tanto copo com isso, mandinga daquilo, corrente daquilo outro, mantras intermináveis, cantorias envolventes e hipnotizantes, que, honestamente, o que a turma precisa é de um tratamento para descobrir em que tem crido. Mas a Bíblia me ajuda a dizer “eu sei em quem tenho crido”. Não há verdadeira espiritualidade fora de Cristo, o Cristo da Bíblia, cantado em salmos e prosas, revelado nos Evangelhos.
Finalmente, nossa vidinha se vai. Um dia ela acaba. Um dia fechamos os olhos. Mas aí virá a surpresa para tantos: a vida terrena foi apenas o antepasso para a verdadeira vida, a que é eterna. A Bíblia chama de loucos os que não se preparam para essa eternidade, querendo apenas as benesses temporais. O cristão bíblico deve viver como peregrino, pois sua vida não lhe pertence, sua fé é centrada e sua espiritualidade é posta em Cristo apenas. O Cristão bíblico espera ansiosamente por ver seu Salvador, o Senhor que se entregou em seu lugar e que lhe permite viver de forma diferente daquela sob a qual nasceu um dia. Por isso ele sabe que nasceu de novo. Então, quando esse dia chegar, nossos olhos se fecharão por frações de tempos e os tempos eternos se abrirão diante de nós. Pensemos nisso enquanto há oportunidade, antes que o tempo de hoje se vá e o de depois chegue. A única solução: olhar para a Cruz onde o Salvador se deu por nós!
quinta-feira, 25 de agosto de 2011
EU ME AMO. EU ME ADORO!
Ainda entre os helênicos, o hedonismo escrevia nas linhas da História o que seria, talvez, a primeira sistematização e defesa aberta de tal sentimento. O termo vem do vocábulo ηδονή (hedonê), origem do pensamento que hoje conhecemos como hedonismo.
Hedonismo nada mais é que a teoria que o prazer deve ser buscado como bem supremo, como finalidade de tudo para a nossa vida. Alguns pensadores e suas escolas ao longo da História pensavam que o prazer deveria ser buscado irrestritamente; outros, que deveria ser apenas em nível sensorial. E assim temos uma vasta gama de possibilidades. Mas, no fundo, o que se busca com o hedonismo é a satisfação de si mesmo, custe o que custar.
O hedonismo, por suas características próprias, tende a ser hipócrita e egoísta. Hipócrita porque o infeliz passa a vida tendo surtos de prazer momentâneo e entende isso como uma vida de prazeres. Egoísta porque, para que alguém sempre tenha prazer, provavelmente alguém deixou de tê-lo, já que nem todo prazer é compartilhado em igual sensação e profundidade por todos.
Chegamos aos dias de hoje. Tornamo-nos uma sociedade hedonista. Totalmente interessada em si mesma e nada além disso. Tudo o que possa interferir em nosso prazer deve ser afastado de diante de nós: Deus, caráter, personalidade, honradez, retidão, verdade, etc. Se alguma dessas coisas nos afasta de meu prazer, tiremos isso da frente! E o hedonismo com toda sua desfaçatez, entrou sem pedir licença na Igreja cristã, onde encontrou um cálido nicho onde se instalar e virar um dos ídolos cristãos da pós-modernidade. E assim, de maneira insuspeita e natural, chegamos aos efeitos do hedonismo na Igreja de Cristo.
- Os casamentos se desfazem: não davam mais prazer, então é melhor acabar...
- As pessoas se casam em jugos desiguais: não haveria prazer em passar o resto da vida com um cônjuge cristão...
- A espiritualidade se perde: não dá prazer buscar um Deus que exige santidade...
- Muitas igrejas sérias se esvaziam: não dá prazer ouvir um sermão sério baseado na Bíblia...
- Muitas igrejas falsas se enchem: dá muito prazer ouvir vez após vez que somos os tais e que Deus trabalha para nós...
- As classes de estudo e oração não acontecem: que prazer há em aprender a Bíblia e orar?
E assim, a roda da História vai se movendo de forma constante, porém imponderável. Pelo desejo desenfreado em obter prazer pelo prazer podemos explicar o Éden caído, as guerras insustentáveis, as desigualdades absurdas, os flagelos humanos, o narcisismo, a entrega aos vícios, o relativismo das vidas pós-modernas, a banalização do ser humano, a irresponsabilidade, a mudança do modelo das relações humanas, a gula, etc, etc.
Chegamos ao tempo em que seremos chamados de volta à nossa responsabilidade cristã e teremos que responder a Deus, queiramos ou não, com ou sem prazer, o que temos feito com a vida que Ele nos deu a viver. E precisaremos responder a Ele porque não vivemos apenas repetindo o verso 174 do Salmo 119: “Suspiro, Senhor, por tua salvação; a tua lei é todo o meu prazer”.