pastor no Rio de Janeiro
Imagens: Joel Theodoro
Filosofia é boa e sem dúvida uma das maiores bênçãos da razão humana em todos os níveis. Só não pode e nem deve virar filosofia de botequim, de fundo de quintal, de beira de rua nem, segure-se por aí, de pseudocristianismo. Chegamos a uma posição interessante, na qual devemos pensar que é importante preservar o que é valoroso, sem jamais permitir que os tons desafinados dessa coisa a tornem proscrita ou merecedora de ser defenestrada de nosso conceito e de nossa vida. Logo, não é porque é possível termos deformidades da Filosofia que ela deve ser afastada, mas devemos ter em relação a ela a melhor das buscas, a fim de obtermos os melhores juízos dela advindos. E isso diz respeito a outras coisas de nossa existência. Filosofia, no sentido mais lato do sema, é sempre boa. Filosofia, em suas aplicações, entre as quais algumas podem ser até detestáveis, pode ser boa, mas pode ser muito ruim.
Por que será que boas coisas podem ter más finalidades ou maus andamentos, quando seu propósito é sempre bom? Via de regra, quando as coisas transitam do transcendente para o físico, do metafísico para o tangível, infelizmente – ou felizmente (?) – passam obrigatoriamente por nós, seres humanos. E aí reside o problema de tudo. Essa é a razão básica dos porquês desilusórios de tanta coisa que não deveria ter qualquer problema conjuntural.
Por causa disso e de tantas outras possibilidades, movimentos surgem a cada virada de relógio cósmico. Gente que vai e vem, que sobe e desce. Gente que aparece como salvação de uma lavoura que estava bem, talvez precisando de uma poda aqui ou um adubo ali. Ultimamente tenho ouvido e lido a respeito do debate dos “Com Igreja x Sem Igreja”. Não! Não me refiro aos que abandonam a Igreja, mas aos que insistem em uma nova (será tão nova assim?) forma de ser cristão: o cristão desigrejado. É uma categoria que insiste em ser cristão, diz que jamais abandonará a fé, diz ser preocupado ao extremo com sua espiritualidade, mas com uma diferença dos demais: não quer sequer ouvir falar em Igreja formal.
Muita coisa se usa como desculpa para isso. Muitas dessas justificativas, aliás, são mais que verdadeiramente justas e aceitáveis. Na Igreja de hoje, vê-se abertamente: manipulação das massas, espoliação do incauto, fé barata vendida por preço caríssimo, isolamento denominacional, destruição da unidade do Corpo, troca do espiritual pelo material, esvaziamento da escatologia da esperança eterna por um aqui e agora ralo e sem gosto, esfriamento nas igrejas históricas, aquecimento financeiro nas novas igrejas, perfilamento ecumênico panreligioso, etc e etc.
Será mesmo que devemos jogar fora a Filosofia porque há formas menos nobres de tratá-la? Não, ouviríamos uníssono. Pergunto, então, diante de tão simplória reflexão: vamos jogar fora a Igreja porque há possibilidade de a vermos sendo maltratada? Não! Não! E definitivamente não! Sejamos honestos: deixemos de maltratar a Igreja e a veremos com melhores olhos que a vemos agora. Consertemos nossas vidas e a Igreja nos parecerá realmente excelente.