Texto de Joel Theodoro,
pastor no Rio de Janeiro
Fotos: O nascimento de Jesus numa manjedoura (Gerard van Honthorst) e O nascimento de João Batista (Domenico Ghirlandaio). Lampião (http://www.flickr.com)
De um nascimento simples, hoje temos um universo fantástico. Estou me referindo ao nascimento de Jesus.
Quanto à sua aparência, ele não se destacou muito dos demais. É certo que foi anunciado por anjos, mas eles anunciaram apenas a um grupo de pastores.É certo que foi “marcado” pelo aparecimento de uma estrela. Mas essa estrela só foi vista por um grupo de sábios que vieram do leste (quem sabe, alunos de uma escola que começou com Daniel na Babilônia).
É certo que foi profetizado. Mas a profecia só foi entendida pelos que estavam mais próximos do acontecimento.
É certo que seis meses antes, nasceu outro menino, de uma mãe tão improvável quanto a de Jesus. Esta por ser virgem e a de João por estar na menopausa. Mas isso só foi divulgado pela região. Causou certo espanto. Mas não chegou ao conhecimento geral.
Porém, como é que, de um fato assim, elaboramos um verdadeiro ritual, com “cometas”, Papais-Noel, árvores, bolas, presentes ... Será que é por que achamos que é uma história muito simples? Ou será por que não nos damos conta da maravilha que é Deus assumir nossa natureza?
Se pararmos para pensar, não encontraremos outro evento tão importante na história da humanidade. É Deus trabalhando para os que nele esperam. É o bom pastor buscando a ovelha perdida. É Deus habitando com Seu povo. É Oséias levando sua mulher para casa.
Que outros exemplos poderíamos citar? Na verdade há outros tantos, mas se estes não nos satisfizerem, fatalmente, inventaremos estórias e mais estórias.
Procuraremos, como alguns astrônomos, calcular a órbita de cometas, para ver qual passou perto da terra por volta do ano em que achamos que ele nasceu, e esqueceremos que apenas os magos viram a tal estrela.
Comporemos belas músicas, faremos belos presépios e criaremos um mundo mítico povoado por seres que não foram criados por Deus, e nossos filhos aprenderão que o menino Jesus é um ser tão fantasioso quanto um elfo, um gnomo, um duende, um grinch.
Falaremos sobre a bondade de Deus como uma bondade tão limitada como um presente, tão fantasiosa quanto um velho que voa em um trenó puxado por renas, tão incrível que só os pequeninos ainda se iludem com sua existência.
Se não retomarmos depressa a simplicidade do Evangelho, povoaremos nossas Igrejas de mitos, nossas verdades de mentiras e arrancaremos os fundamentos históricos de nossa fé. Falemos e comemoremos a simplicidade de um evento poderoso. Um evento que trouxe a todos nós a possibilidade de ser filhos de Deus. Falemos e comemoremos o dia em que Deus assumiu nossa natureza. Cantemos de júbilo por Deus ter se compadecido dos seus. Então, nunca mais teremos necessidade de embelezar aquilo que não pode ser mais belo, e a glória será toda do menino que nasceu para que “o povo que caminhava em trevas viu uma grande luz; sobre os que viviam na terra da sombra da morte raiou uma luz” (Isaías 9.2).
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