pastor no Rio de Janeiro
Fotos: arquivo pessoal
Escrevo estas notas numa sexta-feira à noite. Faz calor no Rio de Janeiro, talvez bem diferente de outras sextas à noite, por aqui ou outros cantos. É véspera de sábado, como seria natural de se dizer de uma sexta-feira, não fosse o fato de que para muitos o amanhã não chegará quando o dia raiar. A vida é fugaz, as oportunidades passam rápido e o caminho que leva a uma tranqüilidade aparente na vida parece não ser tão fácil de ser trafegado.
Mas esta não é apenas mais uma sexta-feira que anuncia um sábado que vem pela frente. Algumas vésperas anunciam enormes tragédias ou grandes eventos, como a véspera da erupção do Vesúvio, a véspera da crucificação de Cristo, a véspera da entrada das forças aliadas em Berlin, a véspera do Tsunami e por aí vai. Sem falar na véspera do Natal e do Ano Novo. Há boas e más vésperas. E tudo o que aconteceu até hoje teve uma véspera.
O nosso problema é que, enquanto ainda estamos vivendo a véspera, não somos capazes de antever exatamente do quê ela é véspera, o que deixa estes quase 7 bilhões de seres totalmente entregues aos acontecimentos que lhe são completamente enigmáticos e indecifráveis. Estudar propostas de caos em possível alinhamento não nos permite determinar exatamente para onde se dirige o caos e onde cessará a fim de ceder lugar à calmaria.
Pensando em todas essas coisas fiquei a pensar em festas como a que começa neste fim de semana no Brasil, o Carnaval. Não resta dúvida de que se trata de uma festa popular, com seu valor histórico e suas pinceladas de interesse antropológico e sociológico. Não resta dúvida alguma, também, que nos dias que atravessamos, quase ninguém mais quer se divertir como soíam fazer os mais antigos foliões. Na verdade, o Carnaval passa a representar abertamente aquilo que desde tempos imemoriais se destina a ser: a festa da carne; não a que se come antes da Quaresma, mas a que experimenta fatos e feitos diferentes e de emoções curtas, mas intensas. Esta véspera do Carnaval nos faz pensar no que será de uma enorme legião de foliões que talvez não tenham para suas vidas o dia seguinte à véspera que vivem.
Muitas mortes serão registradas nos hospitais e pronto-socorros Brasil afora. Mortes por atropelamento, excessos de álcool e drogas, infecções das mais diversas, mutilações etc. Enfim, muita desgraça acometerá muita gente. Muitos outros terão estes dias como uma penosa véspera da lenta morte que adquirirão sorridentes, a morte dolorosa e desesperançada das terríveis contaminações do sexo abrangente e irrestrito, da AIDS e das DST que rondam como espectros animados os acampamentos de gente comum que só queria se divertir. Estas realidades - duras e doloridas - são aquelas sobre as quais poderíamos, como raça, ponderar enquanto se pode, enquanto ainda é véspera. Infelizmente outras mortes serão noticiadas: família, moral, ética, consciência, esperança, auto-estima, além da própria alma.
A Bíblia traz uma palavra pelo menos interessante, mesmo para aqueles que não costumam lê-la nem buscar nela a direção para seus dias:
Ouçam agora, vocês que dizem: “Hoje ou amanhã iremos para esta ou aquela cidade, passaremos um ano ali, faremos negócios e ganharemos dinheiro”. Vocês nem sabem o que lhes acontecerá amanhã! Que é a sua vida? Vocês são como a neblina que aparece por um pouco de tempo e depois se dissipa. Ao invés disso, deveriam dizer: “Se o Senhor quiser, viveremos e faremos isto ou aquilo”. Agora, porém, vocês se vangloriam das suas pretensões. Toda vanglória como essa é maligna. Pensem nisto, pois: Quem sabe que deve fazer o bem e não o faz, comete pecado. Esse é um texto encontrado em Tiago 4, versos 13 a 17.
A terrível advertência divina diz Vocês nem sabem o que lhes acontecerá amanhã! Que é a sua vida? Vocês são como a neblina que aparece por um pouco de tempo e depois se dissipa. E, de fato, nenhum de nós é capaz de antever, desde a véspera, o que será o amanhã.
Que hoje, nesta sexta-feira, a véspera represente não alguns dias de folia, mas o início de toda uma vida de paz e intensa alegria para todos os que se agarrarem na esperança bendita de um amanhã com Deus.
Bom feriado, com equilíbrio, descanso em família e reflexão. E que tudo isso sirva de base de transição de uma véspera para uma vida de alegria indizível em Deus.
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