pastor no Rio de Janeiro
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Costumamos pensar em religião e em Deus quando estamos nos sentindo mal. Mal com a vida, mal com a família, mal com a sociedade, mal conosco mesmos. Ou quando temos a impressão de que todas essas coisas estão mal conosco: façamos nós quaisquer coisas que sejam, mas elas continuam desafinando a nossa vida.
Notamos abertamente que quando essas coisas, por outro lado, parecem não nos trazer nenhum sentimento ruim, por mais que seja apenas circunstancialmente, nossa tendência é querer melhorar a nossa carreira nessas engrenagens, abandonando compulsivamente a razão de pensamento transcendente. Digo transcendente referindo-me a Deus e ao cristianismo, embora o ser humano tenda a fazer o mesmo com relação a outros deuses e religiões.

Religião, para esses, resume-se a cristianismo. E a esse, sim, deve-se combater, haja vista ser coisa de tolos, incautos e desarticulados. Como o foram, quem sabe, Konrad Adenauer, Abraham Kuyper, Helmut Kohl, Haendel, J. Sebastian Bach, Pascal, Graham Bell, Nicolau Copérnico, Keppler, Galileu Galilei, René Descartes, Newton, Boyle, Faraday, Mendel, Kelvin, Max Planck e, para surpresa dos mais céticos, Einstein. Sobre alguns deles lê-se coisa interessante em http://www.monergismo.com/textos/apologetica/cientistas_famosos.htm.
Verdadeiramente o que vemos é uma intensa busca por algo que preencha o vazio interior. Aqui surge a busca pelo bem, que, de maneira instintiva, começa pelo bem pessoal, o que nos permite ir em busca do bem alheio. A própria Bíblia estabelece isso como parâmetro quando Jesus fala que o segundo mandamento mais importante é “Ame o seu próximo como a si mesmo” (Marcos 12.31). O parâmetro para conseguirmos amar o outro é, antes, amar-nos a nós mesmos. Parece redundante, mas percebemos que a maioria de nós tem dificuldade de se gostar como é, sem reservas e sem preconceitos.
Mas, mesmo assim, adotamos uma busca incessante por bem-estar e bem-sentir a vida. Não sei de explicações como esta, mas a sensação é que nós desistimos de nós, ou seja, de nos amarmos como indivíduos, simplesmente porque não temos mais o prazer na transcendência que Cristo nos propõe em sua palavra. Em conseqüência direta, não amamos o outro. No começo da lista, infelizmente, está a idéia inteligente, moderna, circular e redundante de que devemos continuar sem amar a Deus acima de tudo e todos. Por isso não nos amamos. Por isso não amamos o outro. A alteridade é perseguida, mas desprovida de verdadeiro significado.
Quando negamos todas essas coisas, negamos a nós mesmos a possibilidade de irmos além do que vemos e sentimos de modo material. É o paradoxo em que nos apoiamos como seres mais inteligentes que toda a estirpe de menos esclarecidos que viveu para as artes, a música, a ciência, a literatura, a política – sendo crédulos na realidade além do real-humano, na verdadeira existência de Deus e na fidelidade de sua palavra. Alguns desses menos doutos figuram na lista três parágrafos acima.
Desculpem-me pela ironia do texto. Mas só pode ser coisa para ironizarmos. Volto ao início do texto. Cremos normalmente que as pessoas só vão buscar a Deus e suas coisas em meio a desgraças que afligem os menos doutos e menos ricos. Felizmente, não. O ser humano precisa de Deus por ele ser Deus e por nós sermos suas criaturas mais especiais. Felizmente todos nós carecemos do amparo e da presença de Deus. Só que às vezes queremos atribuir a outros elementos o que só pode ser encontrado em Deus.
O que Deus nos oferece ao longo de toda a Bíblia não é nada além do que sempre buscamos em nossas andanças pela vida. Ele nos oferece paz nesta vida, mesmo quando as circunstâncias e evidências mostram o oposto. Ele nos oferece esclarecimentos que níveis acadêmicos avançados não alcançam apenas por si (imagine então se os conhecimentos que alcançamos de Deus e da academia andarem juntos...). Ele nos oferece vida depois desta vida. Vida sem re-viver. É continuar a nossa vida, em outra esfera e em outra conjunção de fatores extra-naturais. É divino. É além do humano. Vai além do bem-estar que pudéssemos ter e experimentar nesta curta existência como a conhecemos.

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