pastor no Rio de Janeiro
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Fico pensando por vezes em como somos pouco atentos às coisas mais tênues, mais simples da vida. Coisas essas que podem ser as mais belas e importantes, mas que, por sua gentileza e por tanto a elas nos acostumarmos, tendemos a não lhes dar a devida importância. Andava me lembrando há alguns dias de coisas assim. Comecei me lembrando do Vale Quanto Pesa, um sabonete que havia por aí quando eu era criança. Aliás, ele esteve nas prateleiras até meados dos anos 80. Depois, sumiu... Ele tinha cheiro questionável. Não era fedorento, mas cheiroso, cheiroso mesmo, que eu me lembre, não era. Mas era grande, barato e popular, ou seja, demorava a acabar, custava pouco e as camadas mais populares, por isso mesmo, o tinham em grande estima. Valia o que pesava mesmo! Mais antigamente ainda, muito antes de eu ser criança, costumava-se, eventualmente, premiar pessoas de grande contribuição a reinos e nações dando-lhe seu peso em ouro. Isso também significa dizer que ele valia o que pesava. Mas o comum de nossa vida é dar menos valor ao que temos que o real valor daquelas coisas. Infelizmente.
Se nos perguntarmos qual o valor que damos a algumas das coisas mais comuns que nos cercam, quais seriam nossas respostas sinceras? Poderíamos nos perguntar, por exemplo, quanto vale a oportunidade de estudar, quanto vale o termos comida diariamente para nosso alimento, quanto valem a roupa e o calçado que temos, quanto vale o emprego que nos serve de sustento, quanto vale a família que Deus nos deu, quanto vale nosso cônjuge, quanto valem nossos filhos, quanto vale a nossa comunidade de fé... E tantas outras perguntas possíveis. Quais seriam nossas respostas? Elas agradariam a Deus? Elas nos deixariam mais felizes? É comum dizermos que só damos real valor às coisas após as perdermos. Isso porque costumamos também dar pouco valor a tudo que nos vem à mão. Da mesma forma, e pelas mesmas razões, costumamos menosprezar a nossa capacidade de ação, exatamente porque ela se desenvolve a partir de elementos que estão em nós e em nosso poder. Ora, se menosprezamos o que somos e o que temos, menosprezamos também as ações decorrentes disso tudo.
Foi mais ou menos o que aconteceu com os discípulos de Jesus no momento em que o próprio Senhor lhes dá ordens no sentido de que deveriam alimentar cerca de cinco mil homens, sem contar mulheres e crianças. Digamos que ali houvesse uma multidão de quinze mil pessoas. Você pode ler isso em Mateus 14.13-21. Os discípulos fizeram o que normalmente nós fazemos: olharam para o que tinham em mãos e acharam que seria insuficiente um lote de cinco pãezinhos e dois peixes para dar de comer a quinze mil pessoas. E, realmente, no caso deles, humanamente falando, não dava mesmo. Mas eles se esqueceram de quem tinha mandado que eles distribuíssem comida. O mesmo Senhor que tinha ordenado não os deixaria incapacitados de prosseguir com a missão. O que temos em mãos, ou seja, o comum de nossa vida – como eram comuns para aqueles homens os pães e os peixes – passa a ser incomum quando no universo de Deus. Nossas pequenas e simples coisas, nossa família, nosso trabalho, nossos cônjuges e filhos, e tudo o mais que nos cerca, passam a significar algo além do que são. Nossa família, por exemplo, não é mais um grupo de pessoas que se gostam e se amam, mas passa a ser um grupo de pessoas que se amam NO SENHOR. E isso faz toda a diferença. Isso muda tudo.
A pergunta não é mais quanto vale isto ou aquilo, mas quanto isso vale sob a ação de Deus? É por isso que as respostas mais estranhas poderão surgir quando fizermos perguntas, por exemplo, para os momentos de crise de nossa caminhada. Assim: Quanto vale a oportunidade de estudar quando não tenho recursos ou meios? Quanto vale termos comida em meio a grande dificuldade e desespero de vida? Quanto vale a família que Deus nos deu quando atravessamos abismos de dificuldades? Nesse momento, nossa resposta pode ser como a dos discípulos, e podemos dizer “não dá, Senhor. Tenho apenas cinco pães e dois peixes...” Não faz mal sermos sinceros nessas horas, mas precisamos contar isso a Jesus. Ele vai nos ajudar, pegar o pouco que temos, que para Ele é mais que suficiente, e vai multiplicar para nós, mostrando-nos que tudo estava em boa qualidade e quantidade. Bastava que Ele estivesse no circuito.
Quando deixamos de ver tudo apenas pela ótica material e conseguimos enxergar com os olhos da fé, quando vemos como Jesus vê, o milagre parece brotar e o milagre se torna visível a todos. Por nossa causa, muitos verão as obras de Cristo! Por isso, precisamos mudar o foco de nossas perguntas e passar a nos perguntar assim: Quanto vale minha comunidade de fé aos olhos de Jesus? Quanto valem meus filhos aos olhos de Jesus? Quanto vale meu cônjuge aos olhos de Jesus? Quanto vale meu emprego aos olhos de Jesus? Quanto vale minha roupa, minha comida, meus calçados aos olhos de Jesus? Nossa vida será mais alegre, nossos olhos verão melhor o que temos e o valor dessas coisas será multiplicado em nosso coração.
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