pastor no Rio de Janeiro
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PARTE 1 – PENSAMENTOS SOBRE CULTURA E FÉ
Animei-me com o último post, do dia 18 de maio. Animei-me também com um dos comentários, feito por um grande amigo meu, no qual ele se manifesta como entendendo que o filme deve ser desconsiderado como alerta por conta de alguns pontos que ele destaca e que eu gostaria de comentar neste texto. Para não entediar você, dividi-o em duas partes e, em poucos dias, postarei a segunda, se Deus quiser.
De saída, gostaria de dizer a você que me lê que entendo ser muito saudável compartilharmos opiniões que sejam diferentes, contanto que nosso viés final seja a fé e a soberania de Deus sobre Sua Igreja. Uma outra coisa que gostaria de falar a você: todas as vezes que cito os termos “cristão” e “Igreja” sem referência a qualquer grupo ou denominação, refiro-me respectivamente ao filho de Deus, ou seja, todo o que foi lavado no sangue do Cordeiro e que pertence a Cristo, e à Igreja do Senhor Jesus em toda parte, em toda língua, em toda etnia, sem me importar com a tabuleta à porta de seus templos.
Sobre cultura, digo a minha opinião, compartilhando-a agora com você que me lê. Será que cristianismo pode ser chamado “cultura”? Algumas opiniões minhas: a) Entendo que se temos um conjunto de ações e características modeladas em uma coletividade, fruto de cooperação e construção conjunta de formas e valores em prol de uma sociedade ou de um grupo social, temos cultura; b) se temos valores que precisam ser transmitidos aos que nos cercam e aos que virão depois de nós, por tantos meios quanto possamos acessar, temos cultura; c) se esses mesmos valores compõem o de mais valoroso desse grupo social, a tal ponto de constantemente se buscar seu aprimoramento e seu desenvolvimento intelectual, acadêmico, religioso, etc, temos cultura; d) se temos valores que precisam ser aplicados no indivíduo pela razão e propagação de idéias e ideais, com refinamento e modificação adequativa individual e coletiva, temos cultura; e) se temos necessidade de mostrar a outrem, de outro viés cultural, que nossos valores podem até conviver com os deles, mas que queremos preservar os nossos, temos cultura; f) se temos códigos aceitos de maneira ampla, com padrões estabelecendo limites de ações e práticas de conduta ética em coletividade e em particular, o que, espera-se, desenvolva ainda mais nossos parâmetros de equidade e equalidade, temos cultura.
Com base nos aspectos listados acima, de minha cabeça, e em muitos outros, que gente mais profunda poderia listar, podemos dizer que cristianismo é, sim, cultura. O Ocidente inteiro deve sua cultura – aquela que mais comumente costumamos chamar de cultura – à cultura cristã que lhe serviu de esteio formacional. Apagar isso é apagar a História e os valores pára-religiosos do cristianismo.
Mas isso não desfaz as características de fé do cristianismo. A fé nos une num ideal maior, a cultura é a periferia das expressões atinentes aos diversos grupos que se formam sob a mesma sombra, no caso, a da fé comum. Não me prolongo no tema por não ser a tese central, mas, como direi a seguir, as esferas não se misturam. Porém, por cuidar que não se misturem, não posso anulá-las.
Na Teologia Reformada, temos bem definida a questão das esferas. Não devemos misturá-las e isso é muito bom. Mas não considerar aspectos periféricos para não misturar as esferas é sinal de falso pietismo. Abraham Kuyper pode ser boa leitura a esse respeito. Por esse mesmo pressuposto algumas alas do cristianismo têm privado os fiéis de coisas boas da vida, na vã tentativa de preservar uma fé sã, sob a égide de costumes locais. Isso transformou a Apologética Cristã numa tábula de proibições e preceitos não-teológicos. Isso também é reduto de cultura, mesmo que a consideremos sub-cultura religiosa. Não pensamos mais, não cremos mais, não dispomos mais nosso coração a buscar o que de fato tem relevância.
Sobre a taxa de natalidade, se ela não tivesse qualquer importância, a sombra da Igreja, o Israel do Antigo Testamento, além dos que o precederam na História bíblica, não teriam recebido tantas orientações com respeito à multiplicação necessária. Alguns podem argumentar que isso era no início, perto da Criação, com pouca gente no mundo. E depois, com um Estado, Israel, formado, porque a orientação de crescimento? Não seria uma das razões o estar aquele Estado em constante beligerância e, portanto, precisando ter mais gente que os povos contra os quais lutava sempre? E o Novo Testamento, tempo da Igreja, não diz que continuamos em guerra, sendo que agora não mais em armas, porém em esferas de espírito?
Bem, quem também parece se preocupar com as diversas facetas de crescimento irrestrito do Islã no mundo, inclusive com as taxas de fecundidade, é uma das maiores autoridades sobre essa religião entre os cristãos atuais, Don Richardson. Aliás, já que somos cristãos reformados, embora falando agora a todos os cristãos interessados no assunto, a citada autoridade fez alerta semelhante ao do vídeo em relação ao Brasil (!!), destacando que as coisas que retinem por lá haverão de soar por aqui um dia. Leia a matéria na página da Agência Presbiteriana de Missões Transculturais (APMT), no link http://www.apmt.org.br/index.php?option=com_content&task=view&id=30&Itemid=85.
O artigo diz que Richardson denuncia “o perigo igualmente iminente do desaquecimento das taxas de crescimento populacional no ocidente. Está acontecendo um suicídio demográfico hoje entre os povos ocidentais e Richardson faz uma séria advertência quanto aos riscos que isso representa para a sobrevivência dessas sociedades, especialmente diante da grande ameaça que chega do mundo islâmico, caso permaneça a baixa taxa de natalidade com a drástica diminuição do número de filhos.” Alguns dos dados que você viu no filmete do post do dia 18 de maio são dele, Don Richardson, e aparecem na matéria da APMT, órgão presbiteriano, reformado, portanto. Creio que isso nos ajuda a entender que baixas taxas de natalidade representam realmente riscos de desaparecimento de grupos sociais e seus bolsões, bem como podem representar o surgimento ou o crescimento programado de outros. Para quem quer saber quem é Don Richardson, talvez seja bom lembrar dois de seus excelentes títulos: “O totem da paz” e “Fator Melquisedeque”.
Quanto às baixas taxas de natalidade no Ocidente desenvolvido, que representariam o contraposto às altas taxas dos islâmicos, isso é coisa conhecida de todos e não precisa ser referenciada aqui.
Num outro endereço, o blog “O Tempora, O Mores!”, há um artigo bastante interessante sobre a condição numérica da Igreja. Como reformado, o Rev. Augustus Nicodemus, acusa a nós mesmos, também cristãos reformados, pela baixíssima presença de gente em nossas comunidades, salvo as exceções às quais ele mesmo se refere. Confira no artigo que se chama “Dez Motivos pelos quais Pastores Conservadores Costumam ter Igrejas Minúsculas”. Vale a pena dar uma lida.
Quando volto nossa atenção à Igreja como um todo, paro e penso nas ordens claras e objetivas deixadas por Cristo e mostradas ao longo de toda a Escritura a respeito de nosso crescimento. Imagino, sem querer ser auto-apologeta, que tenho alguns motivos, sim, para crer que o crescimento populacional islâmico levará os muçulmanos ao domínio cultural e religioso do Ocidente em algumas décadas. Por favor, você que me lê, entenda que as palavras a seguir não são técnicas, mas apenas de minha percepção como cristão.A Igreja do Senhor, como legado histórico-universal, está madura. Por estar assim, passou a se crer, como instituição, como algo contra o qual “as portas do inferno não prevaleceriam”. Embora a Igreja Visível seja a expressão temporal da Igreja Invisível, aquela à qual a Bíblia se refere é a transcendente, a Invisível. Infelizmente, contra a Igreja Visível, muita água pode rolar, muita perseguição pode acontecer, muito sofrimento pode se dar. E a História tem muitos casos para nos alertar.
Na parte 2, tentarei refletir sobre algumas coisas, tais como as advertências da História, as heresias em nosso seio, o anti-cristianismo pintado de pietismo, a invasão social no campo da fé, e outras coisas que podem surgir. E me pergunto: de quem é a culpa?Que Deus os guarde e lhes dê paz
DEUS trabalha com qualidade e não com quantidade, mas devemos estar dentro da ordem de cristo que é o ide por todo mundo e pregai o evangelho! é claro que existe uma parcela muito pequena de missionários e evangelista para essa missão. Mas aquele que não foi chamado para o "ide" deve pelo menos orar pelos que estão lá.
ResponderExcluirE isso também é uma ordenança "orai sem cessar".
Mas eu fico com minha fé. Pois o nosso General é CRISTO e quem poderá deter o seu exército.
Fiquem com DEUS!
Nelson Petitet
Para quem é o IDE??? Para quem Jesus disse: Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura?
ResponderExcluirNós, discípulos de Cristo temos que ter consciência de que o evangelho precisa ser proclamado a todo tempo aos que estão a nossa volta, com nossa vida e se for preciso, com palavras. Perdemos, todos os dias, preciosas oportunidades de testemunhar termos sido chamados para servir a Deus, não apenas no "templo" mas sendo cristãos na vizinhança, no trabalho, no mercado, na escola, no banco, na rua, no trânsito, etc. Às vezes pregamos com um gesto no silêncio...
Sempre como me deparo com esse tipo de realidade, prevista biblicamente, tomo a responsabilidade para mim e penso: há de ter algo que está ao meu alcance fazer e que ainda não fiz. Acho que assim eu fecho mais um pedacinho dessa grande lacuna que há entre o que tenho recebido do Senhor, general do nosso exército, e do que tenho efetivamente realizado para Ele.
Na Paz de Cristo,
Roberta
Perdoem-me, pois não soube me expressar ao falar sobre o "Ide". Eu estava olhando o campo distante que se encontra no blog e não hà este em que me encontro. Pois neste não só devemos falar de cristo mas viver e expressar com nossas vidas, mostrando aos que conosco convivem o comportamento de um Homen que não somente, prega à Palavra, mas vive a mesma todos os dias.
ResponderExcluirNelson Petitet