pastor no Rio de Janeiro
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PARTE 2 – PENSAMENTOS SOBRE A IGREJA E SOBRE NÓS
Recentemente, em termos de História, passamos pelas crises Capitalismo X Comunismo, nas quais sempre se alertava para o perigo da invasão comunista ao Ocidente. Lembra-me ser muito comum os radicalismos: de um lado, o Comunismo era o demônio em sua expressão político-social; de outro lado, muitos diziam que isso era exagero e que o Comunismo era até bom para a sociedade Ocidental. Aliás, usava-se dizer, então como agora, que Jesus seria o idealizador primitivo do Comunismo. Fruto de muito vai-e-vem, temos hoje muitos cristãos aferrados à defesa do Comunismo para a implantação da justiça social.
Sem querer falar muito mais, dizem que contra a experiência não há fatos. Pequeno ainda, vivia eu nos Andes, uma vez que meus pais eram missionários. Nessa época conheci alguns irmãos soltos ou “comprados” da chamado Cortina de Ferro pelos irmãos do Ocidente. Um deles, Richard Wurmbrand, esteve entre nós, em minha casa e nunca mais me esqueci dele. Nem de suas marcas na pele, no coração e na alma (leia mais sobre ele em http://www.vozdosmartires.com.br/sobrenos.html). Mas, para os cristãos sonhadores com o Comunismo entre nós, haverá sempre uma desculpa para os milhares como ele, e sempre será mais fácil acreditar num regime humano que num filho de Deus...
Havia uma advertência. Mas ninguém queria ouvir. A Igreja seria destruída pelo Comunismo? A Invisível, jamais. A Visível foi muito afrontada e quase exterminada naquelas paragens. O mesmo ocorre hoje em Estados muçulmanos, em Estados socialistas radicais, em Estados fechados ao cristianismo em geral. Em várias dessas partes, dá-se uma liberdade parcial, mediante autorização expressa a algumas denominações que se sujeitem a operar a sua fé através de acordos com o Estado, que vão desde a comunicação prévia das prédicas, até a entrega sistemática de cristãos não-alinhados que apareçam nas comunidades. Mas, na maioria dos casos, o radicalismo anti-cristão é aberto e com perseguições até as últimas conseqüências.
A Bíblia também está repleta de advertências para que tenhamos cuidado com as inúmeras táticas do inimigo de Cristo. Uma sutil serpente conversando ao pé do ouvido, alguns infanticídios, muitas guerras, muita perseguição, espada, fogueira, etc. Mas, talvez, as piores ondas contra a Igreja tenham partido de dentro dela própria. Quanta heresia saída de seus berços, quanta incredulidade, quanta apostasia, quanta jactância, quanta petulância em creditarmos a nós o que só Deus pode fazer. Ário, Márcion, Testemunhas de Jeová, Mórmons, e muito mais... Tudo saído de dentro das nossas bases de fé. Recentemente, Teologia da Libertação, Teologia Liberal. Tudo para uma só coisa: tentar desfazer a obra de Deus, depor contra Deus, descaracterizar a fé cristã.
Talvez a mais antiga das advertências seja a que aprendemos ainda criancinhas, nas Escolas Dominicais de nossas igrejas locais. “A maior arma do diabo é fazer crer que ele não existe”. Quantas vezes ouvimos esse mote? Uma outra, muito conhecida por aí é a que diz que “todos os caminhos levam a Deus”. Então, quando somamos essas pérolas, o que temos é que deve ser totalmente desconsiderado alguém que, em sua intolerância, continua achando que um só caminho leva a Deus (Jesus) e que há, sim, uma luta sendo travada entre bem e mal por nossa causa. Não! Não apenas desconsiderado, mas vilipendiado e morto, se for o caso. E é o que vemos em alguns dos casos mencionados acima.
Algo essencialmente anti-cristão que se estabelece hoje no seio da Igreja do Senhor é a conclusão a que alguns de seus líderes chegam de dar as mãos a pensamentos e parâmetros de fé diferentes da que a Bíblia estabelece em paralelo ao aberto questionamento da própria raiz do cristianismo. Já imaginaram os muçulmanos dizendo que o Corão está errado ou que Maomé estava falando por hipóteses que não devem ser consideradas hoje, num mundo pós-moderno? Já imaginaram um monge budista dizendo que Buda jamais reencarnou e que, na verdade, a doutrina budista é apenas uma metáfora que os menos ilustrados utilizam para ter mais esperança enquanto vivos? Já imaginaram espíritas que pregam que a reencarnação é apenas uma ilustração que precisam contar aos incautos a fim de que estes se aproximem deles? Ou, quem sabe, mórmons concluindo abertamente que o batismo pelos mortos é apenas uma forma de juntar as lembranças familiares?
Pois bem, é isso, em suas peculiaridades, que muitos cristãos têm feito mundo afora. Para esses infelizes - na essência semântica do termo - a Palavra de Deus é apenas transcendente. E tão transcendente que é, ao mesmo tempo, inalcançável e tocada por todos, sejam cristãos ou não. A Bíblia, para esses pobres - na essência metafórica do termo - nada mais é que uma coletânea de informações histórico-culturais de hebreus que, casualmente, tiveram entre si um tal Jesus de Nazaré. Este, por sua vez, na patética visão desses moribundos da fé - na essência teológica do termo -, foi apenas mais um hebreu que apanhou e foi morto porque falou e fez o que não devia. Morreu, foi enterrado e, depois, sumiram com seu corpo. Só isso. Mas pregam que devemos deixar que as pessoas creiam nele... Afinal, elas são simples e de uma fé delicada. São quase tolas por não (dês)crerem em tamanha desfaçatez.
A religiosidade cristã deixou de ser cristã e se tornou híbrida, sem cor nem doutrina. A ação de cuidados sociais cristã deixou de ser cristã e passou a ser espírita - a boa obra para o alívio intelectual - ou socialista - a boa obra para o alívio social. A influência pública cristã deixou de ser cristã e se tornou perversamente política ou financeira - para o alívio das ex-comunidades, que agora não mais comungam no espírito, mas precisam mostrar serviço. Acadêmica, intelectual, científica e eclesiasticamente falando vamos por rumos assim.
Por tudo isso estou convencido que a culpa é nossa. Nossa quer dizer dos cristãos em geral. Gente que parou de se encontrar com Deus, gente que parou de buscar Seu conforto, gente que não vive mais ao lado de um Deus que disse ser para sempre e não apenas para um punhado de dias da História. Somos gente acostumada a descrer como se isso fosse a nossa melhor expressão de fé. Descontinuamos o amor por Deus, descontinuamos o amor pelo próximo, descontinuamos o amor por nós também.
Isso traz ao coração um sentimento pesado de início e uma pergunta que não cala no coração: Há esperança? Verei coisas diferentes? Verei outra Igreja ainda em vida? As respostas estão na História: Sim, há esperança e ela jamais deixará de existir. Sim, é possível que eu ainda veja coisas diferentes. Mas, não, não verei outra Igreja. A Igreja não mudará porque ela não foi maculada. Nada que vemos, sentimos ou analisamos passou da superfície da Igreja, pois ela nem pertence a nós nem a ninguém que tenha tentado descontinuá-la ou desacreditá-la. Nenhum outro poder, humano ou espiritual, conseguirá derrubá-la. A Igreja tem para si a promessa de que nada, nem mesmo as portas do inferno, a venceriam em toda a sua era (Mateus 16.18).
As aparentes desesperanças também me lembram que sempre houve tentativas, pois, se o inimigo de Deus sabe que não pode vencer a Sua Igreja, por outro lado, ele sabe poder arruinar muitas vidas, inclusive de gente dentro das igrejas. Às vezes achamos que estamos sozinhos. Pobres de nós... Jamais estaremos sós, mesmo que não vejamos mais ninguém como nós na trilha da Igreja.
Baal era a designação genérica de diversos deuses cananeus, quase sempre ligados à fertilidade, forças ativas da vida, prudência, maturidade, etc. Algumas vezes os israelitas trocavam Deus por Baal. Algumas vezes cristãos trocam Deus por outros deuses... E a História se repete sem se renovar. Em 1 Reis 19.14, Elias diz ao Senhor “Sou o único que sobrou, e agora também estão procurando matar-me”. Essa era a percepção do profeta e essa pode ser a percepção de muitos cristãos de hoje. Mas a resposta de Deus a Elias é a mesma a nós hoje, tanto séculos depois, como vemos no verso 18: “fiz sobrar sete mil em Israel, todos aqueles cujos joelhos não se inclinaram diante de Baal e todos aqueles cujas bocas não o beijaram”. Precisamos nos lembrar que Deus é fiel às Sua promessas e que ele jamais abandonará nem Seus filhos nem a Sua Igreja. Há muito mais que sete mil filhos de Deus sinceros e que não se dobraram diante de tanto Baal moderno.
A que conclusão chegamos? Você é mesmo filho de Deus? Apenas fique firme. Mantenha-se erguido em sua percepção da majestade de Deus, mesmo que ao seu lado muitos tenham embaçado o olhar. Lute por Deus, por Sua Palavra e por Sua Igreja. Saiba que você não está só. Viva cada dia para a glória de Deus. Faça de seu coração, verdadeiramente, um local permanente de culto a Deus. Dobre-se diante de Deus sabendo que há muitos outros como você em toda parte deste mundo. Resista, mesmo diante da morte, se for necessário. Não se esqueça que a Igreja do Senhor Jesus tem em sua base muito sangue derramado. Resista, mesmo percebendo que muitos, inclusive dentro dos muros, parecem lutar contra. E, no final, será cumprida em você a promessa de Apocalipse 2.10b “seja fiel até a morte, e eu lhe darei a coroa da vida.”
Que Deus guarde a abençoe você.
Caramba!penso sempre em como é dificil ser cristão!estamos tão presos dentro de tantos dogmas e preconceitos que peço muito ao Senhor para não estar errada. Analizando este texto,acredito que temos feito muito ou quase nada,pois estamos preocupados com o própio umbigo...Que Deus nos perdoe.
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