Joel Theodoro é pastor presbiteriano no Rio de Janeiro
Imagens: http://goo.gl/njeII
É comum criticarmos a situação da Igreja de Cristo
no Brasil, uma vez que seu gigantismo acelerado parece deixar à mostra algumas
anomalias, muitas das quais bastante sérias. As críticas têm a finalidade de
alertar os de casa a respeito da seriedade do momento e da nossa
responsabilidade diante de Deus, uma vez que Ele nos confiou o andamento de Sua
Igreja neste mundo até a Sua volta. Mas também temos palavras de conforto e alegria
com relação a essa mesma Igreja, uma vez que, mesmo que nada percebêssemos de
positivo em sua situação atual, teríamos a certeza de que ela estaria bem, pois
a sua guarda depende do amor de Deus e de Suas promessas a respeito da Igreja
de Cristo.
Na semana passada estivemos na 27ª Conferência Fiel
para Pastores e Líderes, em Águas de Lindóia, SP. O evento contou com
participações expressivas de alguns dos grandes nomes da afinados com a
Teologia Reformada no Brasil e no mundo: Augustus Nicodemus, Franklin Ferreira,
Mauro Meister, Sillas Campos, R.W. Glenn, John Piper e Stuart Olyott. Em poucas
palavras deixo minha impressão do que vi e ouvi.
Creio que foi o maior dos eventos da série de conferências
realizadas pela Fiel no Brasil, com cerca de 2,6 mil pessoas presentes no
auditório do Hotel Majestic. De modo peculiar, o que mostra uma adequação dos
cristãos às possibilidades de informação virtual, chegamos a ter, segundo
anúncio dos organizadores, cerca de 14 mil pessoas assistindo ao vivo pela
Internet, o que representa que as palestras podem ter atingido um pico de quase
17 mil pessoas. Isso representa dizer que cerca de 3,2 mil pessoas teriam
sobrado se todos estivessem de maneira presencial no Ginásio do Maracãnazinho,
por exemplo.
Observei mais uma coisa, que é a confirmação de algumas
pesquisas seculares que dizem que se verifica "a estagnação da proporção de evangélicos pentecostais (...) e aumento dos evangélicos tradicionais" e de alguns pensadores reformados brasileiros, de que há um
aumento de interesse entre os evangélicos por descobrir ou redescobrir a
Teologia Reformada de forma consistente, unindo a Teologia com a práxis apregoada
pelos reformadores. Não foi novidade, mas vale a pena mencionar, que havia
entre reformados conhecidos no Brasil uma série de denominações que
recentemente se interessaram efetivamente pela questão, bem como igrejas
independentes cujas lideranças são reformadas ou estão migrando para o pensamento
reformado. Entre essas, poderiam se notar diferentes tendências, desde algumas históricas
meio esquecidas, até outras pentecostais.
Mais um dado importante: os palestrantes
brasileiros, para minha alegria, estavam muito à vontade e em nada ficaram
devendo aos irmãos de fora do Brasil. A capacidade de raciocínio e a têmpera
dos irmãos de cá estava bastante afiada, razão de louvarmos a Deus. É grande
alegria e tem enorme valor ouvirmos as reflexões de quem se esmera lá de fora,
mas estou seguro que uma conferência desse mesmo naipe pode ser feita com
utilização de pensadores brasileiros do nível dos mencionados. E sei que
dispomos de mais gente para isso, em especial entre batistas reformados e
presbiterianos que, dentre os históricos, compõem a grande maioria dos que se
mantiveram na linha de defesa da Reforma e seus tratados.
Uma outra observação pessoal: embora quiséssemos
ouvir alguém do porte de John Piper, não houve a idolatria que muito se vê em
alguns ambientes e, diga-se de passagem, por verdadeiros “santos de pés de
barro”... Aguardamos a primeira palestra do Piper e percebemos que ele preparou
uma grande palestra que dividida em três partes por questão de tempo. Outros
palestrantes preferiram trabalhar cada fala como se fosse algo com começo, meio
e fim, mas que, ao final, comporia um todo. Tampouco notamos a destemperança do
ciúme. Enquanto esperávamos essa estreia, os outros palestrantes foram muito
felizes, o que, de certa maneira, minimizou a expectativa com relação à pessoa
do Piper, mas não minou a expectativa com relação a sua ministração. O Stuart
Olyott, por exemplo, foi de uma felicidade enorme em suas exposições e, nas
cadeiras do auditório, era chamado carinhosamente de “o velhinho”, para cujas
palestras ninguém queria se atrasar.
Essas são algumas observações pessoais. Não são
exaustivas. E nem comento o conteúdo do que ouvi, pois seria muita coisa a
falar, tudo muito bom. Espero que se anime a estar presente em outras
oportunidades como essa. No site da Editora Fiel encontrará
arquivos das Conferências anteriores. Em breve, creio, também da deste ano.