domingo, 5 de agosto de 2007

HERNANI E EU - PARTE I: A PERGUNTA

Texto de Marcelo Gomes,
Seminarista no Rio de Janeiro
Fotos: http://www.flickr.com




Olá pessoal, estréio no blog contando-lhes uma história real ocorrida após um de nossos cultos no Centro da cidade.
Naquela noite de inverno no Rio de janeiro, havíamos planejado retornar à Tijuca de metrô, fato comprovado pela compra antecipada dos bilhetes de volta. Contudo, como você sabe, o coração do homem pode fazer planos, mas a resposta certa vem do Senhor (Pv 16.01). Isso não foi diferente naquele inesperado final de dia.

A proposta de voltar de taxi surgiu e imediatamente foi negada. Depois foi cogitada, para, por fim, “definitivamente” ter sido descartada (impressionante com o ser humano é indeciso, diferente de Deus). Mas o Senhor queria assim, e quem pode impedir seus desígnios? (Sl 33.11). Um simples sinal vermelho que nos impediu de atravessar de imediato a rua foi o suficiente para que mudássemos de idéia. E, desta vez, foi em definitivo. Motivados pelo Pr. Joel, entramos no táxi e partimos - minha sogra, minha esposa e eu - rumo à Tijuca.
Já perceberam como alguns cristãos, talvez a maioria, não têm por hábito ser muito falantes com estranhos? Pois é, este que vos escreve não é muito diferente. Claro que num momento singular como este - diante de um taxista - acabam ocorrendo aqueles célebres diálogos como: “Está fresco hoje não?; Vem chuva amanhã”; e por aí vai - isso não deixou de ocorrer logo que entramos no carro.
Quanto aos motoristas de táxi, já cheguei a uma conclusão bem antes de completar meus 30 anos atuais. Além de, em geral, serem péssimos motoristas e bagunçarem o trânsito da cidade, quando estamos dentro de seus veículos encontramos dois extremos de atitudes: os totalmente calados - do início ao fim do trajeto dão a impressão que ali não estão; e os totalmente falantes (talvez 8 em cada 10 no Rio de janeiro), que não conseguem deixar de interagir com seus passageiros. Para meu azar, ou por que não dizer sorte, o Hernani estava enquadrado nesta maioria, o que para mim era ruim, pois não estava disposto a conversas - ainda refletia sobre a mensagem da noite e sobre nossas reuniões em geral.

Deve ter causado estranheza para um motorista de táxi da Av. Rio Branco pegar um casal e uma senhora em plena quarta-feira, às 21:00h, sendo que ali seu público alvo são empresários e executivos devidamente engravatados. Senti que por boa parte do trajeto Hernani se segurou para não perguntar nossa procedência – talvez esperando que mais cedo ou mais tarde eu falasse (o que, claro, não iria ocorrer).
Como dizem os adolescentes - fiquei na minha - como faço na maioria das vezes nestas situações. Mas Hernani não se agüentava de curiosidade e acabou interrompendo meu “silêncio” perguntando descaradamente o que fazíamos no Centro naquela noite. Claro que a pergunta foi sutil, do tipo: Estão vindo de uma reunião? - ou algo semelhante. Ali meu coração bateu diferenciado. Percebi exatamente a vontade de Deus. Deus não queria que eu me calasse depois de receber as bênçãos naquele culto. Deus havia arquitetado tudo meticulosamente para que eu desse testemunho àquele homem. Lembrei de Moisés e Jeremias - que, ao serem chamados para uma tarefa, deram desculpas quanto à capacidade, mas na verdade talvez não quisessem realizá-la (Ex 4.10 e Jr 1.6). Às vezes agimos assim com Deus. Minha desculpa naquele dia era a “não-vontade” de falar alguma coisa.
Contudo, como ocorreu com esses grandes homens de Deus, não poderia negar um chamado de Deus. Mudei meu semblante, preparei minha voz e falei: “Não! Estávamos participando de um culto” - como que uma isca. Houve alguns instantes de silêncio no carro para algumas quadras depois vir “A pergunta”: Vocês são cristãos?
O que você, amado leitor, responderia? Eis aí uma das mais difíceis perguntas a serem respondidas nos dias atuais. Não porque seja difícil em sua obviedade, sabemos que a resposta é positiva, mas o que significa afirmarmos positivamente que somos cristãos?
Bem, na maioria dos casos, não sabemos nada da pessoa que nos faz tal pergunta. Era o caso meu com o Hernani. Logo procurei alguma identificação em seu carro - um santo, uma Nossa Senhora, um sinal maçônico, ou kardecista - mas foi em vão.
O que ocorre na maioria dos casos é que “pensamos no que a pessoa vai pensar” ao ouvir que somos cristãos. Dizer-se cristão hoje é, para a grande maioria, sinônimo de muitas coisas - e a quase todas pejorativas. Pode-se entender como alguém não praticante de seus dogmas (como a maioria deste país), ou quem sabe como um indivíduo extremado (i.e. sem bom senso e irracional em sua fé), ou alguém que busca em Cristo a solução para seus problemas materiais na vida (leia-se dinheiro). Isso sem falar que, caso a pessoa simplesmente imagine que você faz parte de uma liderança, logo o tache de inidôneo, corrupto e enganador de sinceros fiéis.
Estávamos a poucos metros da casa de minha sogra - a primeira parada do táxi -, e havia perdido todo o trajeto ficando calado. Naquele momento pensei: “Por que não aproveitei todo o percurso para explicar o que somos e em quem cremos para este homem?” É, de fato somos néscios - nas palavras de Jesus e do apóstolo Paulo.

Pedro exorta os cristãos a estarem sempre preparados a responder a esta pergunta:
... santifiquem Cristo como Senhor em seu coração. Estejam sempre preparados para responder a qualquer pessoa que lhes pedir a razão da esperança que há em vocês (1 Pedro 3.15)
Quantas vezes temos perdido a oportunidade de explicar a razão da nossa fé em nosso dia a dia? Quantas vezes Deus têm colocado pessoas como o Hernani na sua frente? E como temos reagido? Qual será o “taxista” que estará diante de você hoje? E o que você vai dizer a ele? Reflita sobre isso quando estas situações ocorrerem nesta semana.

Quer saber a resposta dada ao Hernani? Trataremos disso em nosso próximo post....

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