Texto de Joel Theodoro,
pastor no Rio de Janeiro

II- “Vede com que letras grandes vos escrevi de meu próprio punho. Todos os que querem ostentar-se na carne, esses vos constrangem a vos circuncidardes, somente para não serem perseguidos por causa da cruz de Cristo.” (Gálatas 6.11-12).Por outro lado, aqui temos a advertência de que alguns fogem a uma perseguição genuína, sofrida por causa da fé cristã verdadeira (“por causa da cruz”). O que estes fazem? Pelo desejo de “ostentar-se na carne”, ou seja, pela avidez de, segundo o Aurélio “mostrar ou exibir com aparato” e mesmo “exibir-se ou mostrar-se” em tudo que é material, em que incluímos dinheiro, mansões, impérios e tudo o mais, eles chegam a criar métodos de religiosidade, constrangendo pessoas de bem que querem servir a Deus, a uma nova “circuncisão”, a elementos de legalismo e deformidade doutrinária, pois assim a manipulação pode se consolidar até atingir seus alvos carnais.
III- “Chegando, disseram-lhe: Mestre, sabemos que és verdadeiro e não te importas com quem quer que seja, porque não olhas a aparência dos homens; antes, segundo a verdade, ensinas o caminho de Deus; é lícito pagar tributo a César ou não? Devemos ou não devemos pagar? Mas Jesus, percebendo-lhes a hipocrisia, respondeu: Por que me experimentais? Trazei-me um denário para que eu o veja. E eles lho trouxeram. Perguntou-lhes: De quem é esta efígie e inscrição? Responderam: De César. Disse-lhes, então, Jesus: Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus. E muito se admiraram dele.” (Marcos 12.14-17). Aqui temos a clássica orientação do próprio Jesus acerca de nossas responsabilidades civis e tributárias, mesmo quando não gostamos delas. Se não houver confrontação direta entre lei humana e lei divina a primeira deve ser obedecida. Se não as apreciamos ou se as vemos como injustas, devemos trilhar o caminho da legalidade, da política organizada e dos processos judiciais, quando aplicáveis, mas jamais agir ilegalmente para findar com a injustiça. E muitos continuam se admirando hoje em dia quando a ilegalidade é condenada e quando os que a praticam, fora ou dentro de igrejas, são confrontados com ela.

V- “Respondendo Simão Pedro, disse: Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo. Então, Jesus lhe afirmou: Bem-aventurado és, Simão Barjonas, porque não foi carne e sangue que to revelaram, mas meu Pai, que está nos céus. Também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela.” (Mateus 16.16-18). Devemos nos perguntar: qual a Igreja que não será jamais derrotada diante de satanás ou do levante do inferno? A resposta está em Efésios 5.25-27: “Cristo amou a igreja e a si mesmo se entregou por ela, para que a santificasse, tendo-a purificado por meio da lavagem de água pela palavra, para a apresentar a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, porém santa e sem defeito.” Isso Deus só compara à relação devida entre marido e mulher, relação profunda e completa. Essa é a Igreja do Senhor, a Igreja que não se corrompe, que não se suja, que não se amarrota na caminhada. Não trata aqui de uma comunidade isolada, mas da Igreja ampla, única, vencedora, a noiva do Cordeiro.
VI- Finalmente, o texto de Atos 5, que trata do episódio de Ananias e Safira, ensina a todos nós que a fidelidade, não a aparência é o que Deus busca. Deus não queria o dinheiro de ambos, mas queria corações verdadeiros. A mão de Deus, no seguir do texto, pesou para morte dos que se mancomunaram e de quem assentiu com a mentira. Agente e cúmplice sucumbiram. O confrontar-se com a verdade e, mesmo assim, manter-se em desvio é coisa grave aos olhos de Deus. A Igreja do Senhor em nosso país deve acordar para a realidade que cerca as suas fronteiras, realidade espiritual, mesmo enquanto vivemos enxergando apenas o que é material. Devemos nos lembrar que seria próprio dos últimos dias ver a apostasia de alguns, motivados “pela hipocrisia dos que falam mentiras e que têm cauterizada a própria consciência” (1 Timóteo 4.1-2).
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