terça-feira, 11 de setembro de 2007

A CONDIÇÃO HUMANA I - DE ONDE EU VIM?

Texto de Joel Theodoro,
pastor no Rio de Janeiro
Fotos: http://www.flickr.com


Nós, seres humanos, temos algumas perguntas que são recorrentes em nossa mente, talvez mesmo pela simples relação de finitude que sabemos ter em nossa jornada histórica espaço-temporal. Sabemos, mais que qualquer outra coisa, que não temos respostas naturais para algumas de nossas mais inquietantes perguntas.
Algumas dessas questões passam por nossa razão existencial e a sua realidade atemporal faz presença em suas dúvidas. De onde eu vim? Onde eu estou? Para onde eu vou? Perguntas assim nos levam a inúmeros pensamentos, muitas filosofias e arrazoamentos religiosos infinitos. A Bíblia, centro da fé cristã, é clara em nos ensinar e nos acalmar com relação a tais questões, pois ela nos acena com respostas que passam pela lógica e se alojam em nosso espírito.

Muitos questionam nossa fé por crerem que a mesma deve ser um apanhado de impressões sem relação alguma com nosso intelecto, mas o fato é que não adianta apenas adquirirmos consciência de que vamos um dia para a eternidade com Deus. Somos seres que pensam e fomos constituídos assim pelo próprio Deus para uma vida cúltica com base na razão. Afinal de contas, foi Paulo, o apóstolo, quem utilizou a sentença “culto racional” para dizer como Deus gostaria de ser cultuado (veja Romanos 12.1). Por isso não é errado também queremos as respostas que Deus pode nos dar em sua palavra.
De onde eu vim? Assim começaremos uma curta série de pensamentos sobre a condição humana. As duas outras perguntas se seguirão dias mais adiante, querendo Deus. Interessante que a primeira reação ao nos depararmos com perguntas tão subjetivas e amplas assim é prepararmos uma resposta física, talvez preparando respostas nas quais os princípios do Criacionismo saltem avidamente para combater os do Evolucionismo. Isso é muito importante, mas para este momento vamos nos contentar em não mexer nesse campo e buscar uma resposta que seja ainda mais importante, já que vem antes dela: encontra-se na razão de ser de termos vindo primária e originariamente de Deus.
Naturalmente, ao nos depararmos com essa pergunta, tendemos a responder por dois aspectos: pelo lugar de onde viemos e pela forma que fomos feitos. Porém a resposta mais importante não é nem uma nem outra, mas consiste em descobrir de QUEM eu vim.
Gostaria de me ater a Gênesis, dos capítulos 1 a 3. Vamos pegar alguns trechos dessa passagem para obtermos nossa resposta. De onde eu vim? Vou entender para esta reflexão que sou ser humano e quando me referir a mim nesta leitura, estarei me pondo no lugar de qualquer ser humano.
A primeira coisa que afirmo é que eu vim das mãos de um Deus que me criou à sua imagem e semelhança.
Ao continuar essa pequena leitura, podemos entender, ao ler os versículos de 26 a 30, que não sou proveniente dele de qualquer jeito, mas ele, além de me criar, me deu importância e autoridade. Ao resolver fazer o homem à sua imagem e semelhança, o que entendemos que se aplica ao fato de termos personalidade, intelecto desenvolvido e sermos distintos dos demais animais, Deus nos fez importantes em meio à criação e nos deu autoridade sobre ela. Isso é comprovado ao vermos sua determinação em que o homem dominasse sobre a terra, o mar e o firmamento.
Passo a ler o capítulo 2, versículos de 15 a 17 e, ainda no ponto de descobrir que Deus me fez de maneira tão especial, encontro que o próprio Deus depositou confiança em mim, já que ele deixou ao homem o trabalho mais importante que havia então, que era o de cuidar e cultivar o Éden. Além disso, confiou em que o homem não comeria da árvore que lhe estava proibida.
Então, quando leio a seqüência, dos versículos 18 a 25 do mesmo capítulo, pensando no fato de que ele me fez à sua imagem e semelhança, preciso entender que Deus não me criou para que eu fosse solitário. Por isso ele nos fez homens e mulheres, gerou em nós o desejo de constituir família e nos deixou um senso de ajuda mútua e amor, a fim de os cultivarmos e vivermos com base neles.
Todos esses atributos foram arranhados pela queda, mas Deus não retirou de nós nenhum deles. Na verdade, ele espera que os tenhamos restaurados diante dele para que possamos ser filhos melhores. A história da regeneração providenciada pelo Pai no Filho nos remete de volta à vida anterior ao pecado, razão pela qual um dia poderemos ver Deus face a face. A salvação nos faz reverter o caminho e nos leva de volta a uma posição de intimidade com Deus, como a que Adão tinha antes do pecado.
Deus, como vimos, tornou operosa a nossa criação a partir de suas motivações feitas práticas em seu ato soberano. Mas será que havia algo por detrás de tudo, servindo como elo motivacional para Deus me criar da maneira que o fez? A segunda coisa que afirmo é que eu vim das mãos de um Deus que me amou.
Ao ler o versículo 8 do capítulo 3 descubro que Deus me amou quando eu estava bem. Ou seja, o homem ainda não havia pecado e tinha uma convivência harmoniosa ao lado do Pai. O homem, nosso ancestral, Adão, via e ouvia Deus, que passeava no jardim a certa hora do dia. Tal era a relação de amor entre eles, quando Deus demonstrava todo seu amor quando o homem estava bem. Mas Deus, que é amor, não deixou de nos amar quando não mais estávamos bem. O homem pecou e muita coisa mudou. Aliás, na relação entre homem e Deus mudou quase tudo. Mas uma coisa é certa, o que podemos aprender na leitura dos versículos de 9 a 15. Ali aprendo algo maravilhoso: Deus também me amou quando eu estava mal! Como? A primeira coisa que ele fez ao ver que o homem havia desobedecido a seus desígnios e caído em pecado foi lhe estender a mão e perguntar ao casal o que estava acontecendo, o que claramente demonstra sua intenção de perdão e aconchego. O homem, sabemos, não respondeu com sua confissão, mas preferiu acusar quem estivesse por perto (a mulher, a serpente, etc). Independentemente de tudo isso, e demonstrando ali todo seu amor mesmo em face de meus erros, Deus prometeu o resgate eterno do homem, mesmo após este haver falhado grandemente. Assim, após estas breves leituras, entendo poder dizer que a melhor resposta para a questão apresentada “de onde eu vim?” consiste em descansar na resposta que a própria Bíblia nos dá: eu vim de Deus. Diretamente de Deus. Por isso guardo alguns atributos originais em minha humanidade. Por isso há meios de resgatar atributos originais de minha espiritualidade. Não vim de lugar algum! Eu vim de alguém, como um filho pode responder que veio de seus pais com maior propriedade do que dizer que veio de algum lugar.Saber que eu vim de Deus deve mexer comigo. Deve ser capaz de me fazer diferente do que sou. Cabe a mim e a você aceitarmos o fato de termos vindo de Deus, independente do grau de relacionamento que tenhamos com ele; precisamos nos alegrar por esse fato todo o seu coração; precisamos começar a nos voltarmos para a retribuição pessoal desse imenso amor de um Deus que amou a mim e a você quando eu e você estávamos (ou estamos?) mal.

Nenhum comentário:

Postar um comentário