segunda-feira, 27 de junho de 2011

A IGREJA E O HOMOSSEXUALISMO - parte 4 de 4



Joel Theodoro é pastor presbiteriano no Rio de Janeiro
Finalizando...
Este é o post mais curto da série. Abaixo há dicas de leitura para você.
_________________________________________________________________________________

A resistência

    Precisamos retornar a uma vida de Igreja como deveria ser, centrada em Cristo e menos voltada para seus problemas periféricos. Enquanto nos preocuparmos com elementos secundários, nossa visão de Cristo continuará descentralizada. Algumas possibilidades de estratégias imediatas de resistência:

  • Recuperação da fé e das práticas cristãs dentro da Igreja;
  • Voltar a viver com base numa cosmovisão cristã;
  • Voltar a ouvir a voz de Deus ao invés do ruído dos cristãos nominais;
  • Recuperação do ato de crer e obedecer a verdade de Deus, seja o quão antiquado seja ao mundo contemporâneo;
  • Recuperar a vivência espiritual pelo conhecimento da Palavra de Deus e não pelas experiências (emoções e sentimentos);
  • Abandonar de vez as folhas de figueira e ser cobertos em definitivo com a pele do cordeiro.

    Como a Igreja deve se posicionar?

  • A Igreja NÃO é homofóbica: ela NÃO odeia os homossexuais;
  • Deve sempre se lembrar que o homossexual é um ser humano, assim como todos os demais o são;
  • A Igreja precisa recebê-los e acolhê-los com todo amor que vem de Cristo;
  • Precisamos falar ao homossexual o mesmo que falamos a todas as demais pessoas, sem preconceitos ou isenções: “Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.” João 3.16
  • A Igreja jamais deve se esquecer de seu papel profético nesta terra em que peregrinamos.


Dicas de Leitura:


CARSON, D. A., FRANCE, R. T.,

MOTYER, J. A., & WENHAM, G. J. (Eds.). (2009). Comentário bíblico Vida Nova. (V. tradutores, Trad.) São Paulo, SP, Brasil: Vida Nova.

GUTHRIE, D., & MOTYER, J. A. (Eds.). (1989). New Bible Commentary. Leicester and Grand Rapids, UK and USA: Inter-Varsity Press and Wm. B. Eedermans.

HORTON, M. S. (2010). Cristianismo sem Cristo: o evangelho alternativo da igreja atual. (N. Batista, Trad.) São Paulo, SP, Brasil: Cultura Cristã.

JONES, P. (2002). A ameaça pagã: velhas heresias para uma nova era. (M. Tolentino, Trad.) São Paulo, SP, Brasil: Cultura Cristã.

JONES, P. (2007). O deus do sexo: como a espiritualidade define a sua sexualidade. (J. Severo, Trad.) São Paulo, SP, Brasil: Cultura Cristã.

MACARTHUR JR, J. F. (2010). A guerra pela verdade. (G. Chown, Trad.) São José dps Campos, SP, Brasil: Fiel.

MOHLER JR, R. A. (2009). Desejo e engano: o verdadeiro preço da nova tolerância sexual. (F. W. Ferreira, Trad.) São José dos Campos, SP, Brasil: Fiel.

STOTT, J. R. (2000). A mensagem de Romanos. (S. Steuernagel, & M. D. Steuernagel, Trads.) São Paulo, SP, Brasil: ABU.

4 comentários:

  1. Escrito por Marcos Andrade

    “os preceitos mais importantes da lei, a justiça, a misericórdia e a fé” (Mateus 23:23).

    O que os Evangelhos nos ensinam? Que a missão de Jesus era um movimento de inclusão no seu reino dos marginalizados da sociedade e da religião da sua época: crianças, mulheres, doentes (cegos, leprosos etc.), publicanos, samaritanos e outros. Para cada um destes há várias passagens nos Evangelhos que ilustram a questão.
    O seu reino estava aberto até aos criminosos, pois Jesus disse que “achando-me... preso e não fostes me visitar.” (Mateus 25: 43), e comparou-se a tais criminosos (e outros marginalizados), dizendo “sempre que deixastes de fazer a um destes mais pequeninos, a mim o deixastes de fazer.” (Mateus 25: 45).
    E o que o livro de Atos nos ensina? Que a Igreja nos seus primeiros dias incluiu, ao contrário do que as Escrituras (o que hoje conhecemos como Antigo Testamento) diziam, os gentios. As mesmas Escrituras que Paulo elogiou em II Timóteo 3: 16: “Toda Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça,”. Ele não estava falando do Novo Testamento. Ele estava falando do Antigo Testamento, em que os gentios estavam marginalizados da Aliança de Deus com a humanidade, mas que ele ousou reinterpretar (ou relativizar, termo que para muitos é considerado uma palavra obscena) e, por isso, hoje é conhecido como o apóstolo dos gentios.
    A exclusão dos homossexuais da Igreja é semelhante à tentativa de judeus da Igreja dos primeiros dias em querer circuncidar os gentios. Vou citar apenas dois textos sobre tal questão: “Agora, pois, por que tentais a Deus, pondo sobre a cerviz dos discípulos um jugo que nem nossos pais puderam suportar, nem nós?” (Atos 15: 10); e, a Pedro, Deus disse “Ao que Deus purificou não consideres comum.” (Atos 10: 15).
    A Bíblia expressa um claro movimento de abertura. Há muito exemplos, mas preciso ter cuidado para não ser exaustivo. Primeiro, o Deus que exige o sacrifício de animais. Depois, Jesus que elimina a necessidade de sacrifícios. Mesmo dentro do judaísmo do Antigo Testamento, a fé no Deus conquistador de Josué, que é o Deus de apenas um povo, não é a mesma fé em Deus, um Deus universal, expressa em Isaías 49: 6: “... também te dei como luz para os gentios, para seres a minha salvação até à extremidade da terra.” Um dos momentos de crise de fé para os judeus, que contribuiu para a mudança na concepção de fé em Deus, aconteceu no cativeiro da Babilônia, que pode ser expressa no Salmo 137: 9: “Feliz aquele que pegar teus filhos e esmagá-los contra a pedra.”.
    Não sou partidário do relativismo total. Creio que toda situação deve ser julgada à luz dos elementos materiais e culturais contemporâneos, considerando a diversidade local, diversidade étnica, de tradições etc.. Logo algo que é aceitável em uma época, a pedofilia, por exemplo, torna-se condenável em outra. Da mesma forma, o trabalho infantil e a escravidão, por exemplo. Não posso querer transformar a minha ética pessoal em regras universais e atemporais.
    No século XIX, cristãos contribuíram para o fim do tráfico de escravos da África. No século XX, houve a inclusão dos negros na Igreja na maior parte dos Estados Unidos. Penso que hoje, início do século XXI, é um desafio propiciar a inclusão plena dos homossexuais na Igreja, inclusive o acesso aos sacramentos e à ordenação.
    Para mim, isto faz parte do que Jesus disse “aquele que crê em mim, fará também as obras que eu faço, e OUTRAS MAIORES FARÁ...” (João 14: 12). E fará inspirado na Palavra de Deus, que é o próprio Jesus, auxiliado pelo estudo cuidadoso das Sagradas Escrituras, cheio do Espírito Santo, que nos capacita para toda boa obra.
    Por fim, o Salmo 32: 8 diz “Instruir-te-ei e te ensinarei o caminho que deves seguir; e, sob as minhas vistas, te darei conselho.”.

    ResponderExcluir
  2. Prezado Anônimo,

    Resposta, parte 1 de 3

    A Bíblia foi deixada para nós sendo a Palavra de Deus exposta diretamente para nossa edificação e para a condução do ser humano de volta à relação com Ele próprio. Como protestante, não posso abrir mão de investigar a interpretar as Escrituras para a elucidação e compreensão do que Deus deixou escrito através dos tempos para nós. Não posso, no entanto, confundir investigar e interpretar as Escrituras com reescrever as mesmas. Não recebemos qualquer autorização de Deus de dizer por aí o que Ele não disse.

    Você está certíssimo ao dizer “não posso querer transformar a minha ética pessoal em regras universais e atemporais”. Por essa razão, e porque eu tampouco posso fazê-lo, é que fico com a ética que não é minha, mas das Escrituras. O problema da conceituação que não é firmada sobre bases menos superficiais e menos axiomáticas é que, querendo ou não, tal conceituação cede espaço à relativização de posturas de reflexão. Isso está bem de acordo com modelos mais atuais de pensamento, mas nem sempre está de acordo com o que a Bíblia nos expõe. Isso nos leva a um ponto em que decisões precisarão ser tomadas: ou creio na Bíblia como ela é e adoto seus princípios de regulação (o que inclui a sua ética) ou vou pelo caminho em que a minha ética poderá ser explorada de maneira mais independente da Bíblia (o que representa dizer que partes de minha ética suplantarão a ética bíblica). Chamo de minha ética o que aceito como ético: lembremos que o ser humano não-referenciado é um dos mitos mais populares de nossos dias, em que as pessoas juram poder pensar sem basear suas opiniões nas de outrem, o que é uma utopia. Ou seja, se alguém resolver pensar diferente de algo, está se aproximando de outro pensamento. Se alguém resolve se afastar da centralidade da Bíblia, está se aproximando de outra centralidade qualquer.

    A Bíblia tem uma ostensiva leitura de transformação do ser humano. Ela não se destina a excluir pessoas, mas a que estas, aproximando-se de Deus e de Sua verdade, a qual é expressa nas páginas da Bíblia, sejam feitas outra criatura, de cima para baixo e dentro para fora, pela ação do próprio Deus, até que seus princípios e suas práticas sejam feitos outros, novos, transformados. Esse é o convite da Bíblia. Dessa forma, a Bíblia não condena o ladrão, o mentiroso, o adúltero, nem mesmo o homossexual. Mas ela insiste em que o praticante desses atos e de muitos outros, ao se aproximarem de Deus, abandonem tais coisas porque elas depõem contra o que Deus planejou e deixou para a humanidade como rastro de Sua criação. E quando me refiro aos demais atos possíveis, infeliz mas honestamente falo de muitas coisas que costumamos ver inclusive em nossas igrejas e em nossa própria vida. Mas reconhecer nossas falhas não representa isentar os demais das suas, porém, juntos, irmos em direção ao conserto com Deus.

    ResponderExcluir
  3. Resposta, parte 2 de 3

    O convite que a Palavra de Deus nos faz não é para a reinterpretamos de tempos em tempos de acordo com o pensamos nas diversas fases da História humana. O convite é simples, porém difícil para nossos dias, se rumamos apenas por nossa razão: Deus não muda; Sua Palavra não muda; para nos tornarmos um com Ele, nós precisamos mudar! Nisso você acerta de novo: as Escrituras nos levam à inclusão dos marginalizados, mas não se marginaliza por causa disso. As Escrituras chamam a si os pecadores todos, mas não se torna pecadora por causa deles, por mais que os ame. A Igreja de Cristo foi chamada a convidar todos e abraçar todos, mas para que estes conheçam Deus, o Deus da Bíblia, e não o Deus de nossa reinterpretação pessoal em nossa sincronia antropológica e histórica. Nessa perspectiva, Jesus trouxe para si os marginalizados de seu tempo, sem qualquer menção aos homossexuais, mas sempre os despediu orientando-os a abandonarem as velhas práticas. Quanto aos marginalizados contra sua vontade, por causa das implicações da vida, ele ajeitou as coisas para eles antes de os mandar embora: refiro-me aos mesmos que você: “crianças, mulheres, doentes (cegos, leprosos etc.), publicanos, samaritanos e outros”. Essas pessoas não tinham escolhido nada disso para elas, mas eram vitimadas pelas circunstâncias. Jesus mesmo abraçou fariseus arrependidos, sendo Ele mesmo um Rabi. Aos marginalizados por seu livre agir (ladrões, sodomitas, mentirosos, traidores, etc.) as Escrituras têm um só recado: deixem tais práticas.

    Sou forçado a discordar das aplicações que faz dos textos bíblicos, pois, como tenho insistido, eles não foram inspirados por Deus a partir de particular elucidação da verdade de Deus. 2 Pedro 1.19-21 nos deixa um recado: tudo que consta nas Escrituras não parte de homem, mas da inspiração direta de Deus. Dessa forma, eu prefiro ficar com ela. Sou antiquado para nossos dias e provavelmente morrerei assim. Sou dos que ainda crê que a Palavra é inerrante e infalível. Sei que muitos pensam como você e sei que muitos outros pensarão. Sei que isso é politicamente correto e que eu estou num grupo fadado a ser taxado de algo pouco simpático. Mas, honestamente, e isso também pelo que penso, não me preocupa ser tido por simpático pelos que se opõem à verdade bíblica. Diferentemente do que você fala, faço mais uma ressalva: o Antigo Testamento é inclusivista em relação aos gentios, bastando que estes abraçassem a fé judaica. Não é o que fazemos hoje? A diferença é que hoje se muda de religião, naquele tempo, de nação e religião. Assim, parte do que você menciona fica mais que aclarado, quando trata de aparentes mudanças: o mesmo Paulo nos lembra que muito há de tipológico que é mostrado claramente no Novo Testamento.

    ResponderExcluir
  4. Resposta, parte 3 de 3

    A diferença entre a exclusão dos gentios e dos homossexuais está exatamente aí: ambos foram chamados para mudar o rumo de suas vidas e, nos primeiros tempos da Igreja, ainda muito judaizada, eles ainda não tinham compreendido a universalidade da Igreja, crendo que a regulação nacional continuava a vigorar na Igreja. Isso foi aclarado em não muitos anos, como bem sabe. Lembremos também que a Bíblia é coesa e quando fala de si mesma fala de toda ela, a pretérita e a futura, estabelecendo critérios de história (Antigo Testamento) e de profecia (Novo Testamento). Por isso 1 Tm 3.16, mencionado por você deve ganhar exegese mais coerente com o texto bíblico, com todo ele e não apenas com parte do mesmo. Dessa forma, o que Paulo faz não é trazer nova interpretação sobre o Antigo Testamento, mas tirar a da sombra o que o mesmo representava. Não há novidade alguma na palavra de Paulo, nem nas ações de Jesus: há pura aplicação daquilo que Deus havia estabelecido para os tempos futuros em relação ao Antigo Testamento.

    Filosoficamente (para sair um pouco da Teologia) colocar escravidão, segregação racial, diversidade étnica e cultural, trabalho infantil e menosprezo à mulher (dentre outras mazelas), no mesmo nível de debate que homossexualismo e pedofilia é pelo menos uma falta de habilidade de articular as ideias. Isso é o que tenho visto e, tenho absoluta certeza que continuarão a fazê-lo por uma simples razão: o que se pretende normalizar a partir de distúrbios precisa estar junto com outras categorias para torná-las aceitáveis. Se eu pudesse erguer voz de profeta, eu lhe diria que em breve veremos mesmas armas de defesa do homossexualismo e da franca defesa de que a Bíblia seja reinterpretada para aceitá-lo sem transformação totalmente voltadas para a defesa aberta da pedofilia. Por que digo isso? Porque aquele que se diz nascido com gênero em corpo trocado poderá também dizer-se atraído por crianças de 2, 3 anos ou qualquer idade que seja. É uma questão de lógica, e essas coisas estão na mesma categoria! Aos que têm filhos, cuidado: esse é um futuro possível e mais próximo do que possamos imaginar.

    Agradeço de forma muito sincera e honesta a sua correspondência. Espero que reflitamos juntos. Eu não me afastarei do que penso e as minhas referências estão nas Escrituras. Mas creio que o debate é sempre bom e proveitoso. Faço minhas suas citações finais, de João 14.12 e do Salmo 32.8. E as faço para consolidar o pensamento acima. No final de tudo, precisaremos dizer a Deus algumas coisas, joelhos dobrados diante dele. É para isso que vivo, com temor, esperando não falhar no que me diz Apocalipse 22.18,19 (“... Se alguém lhes fizer qualquer acréscimo, Deus lhe acrescentará os flagelos escritos neste livro; e, se alguém tirar qualquer coisa das palavras do livro desta profecia, Deus tirará a sua parte da árvore da vida, da cidade santa e das coisas que se acham escritas neste livro.”), nem na letra nem na ideia.

    Grande abraço,

    Joel Theodoro

    ResponderExcluir